Sem ela não sou

Tem vezes que você acorda no meio da noite e sente medo do escuro. Eu acordo no escuro e sinto medo de mim. Eu sinto medo de mim mesma. Medo das minhas vontades. Medo dos meus desejos. Sinto medo do meu gosto musical. Sinto medo do meu gosto por chocolate meio amargo. Sinto medo do meu gosto por literatura nacional e mais ainda medo do amor que sinto pelos Veríssimos. Sinto medo do pulsar do meu coração. Hora leve, hora rápido, hora não pulsa. Nessas horas eu morro? Acho que sim. Mas quem morre não sou eu. Quem morre é a outra. A parte discreta e discrente que vive em mim. Aquela que não acredita, que não teme, que não vive. A que não erra, não pensa, não luta, nao batalha pelo que quer. Essa sim morre quando meu coração para de bater. Talvez essa eu chamasse de alma. Talvez de lama ou de mala. Talvez ela não mereça nome. Mas sem ela não sou. Ela já nasceu comigo. Veio de mim. às vezes me foge pelos poros, assim como cravos quando espremidos. Mas ela sempre está ali. Intacta, intocável. Ela me faz ter medo. Me provoca e some. Me toma de mim. Ela dorme de dia e a noite, a noite ela arranca a carne que envolve meus ossos. Ela disseca a parte sonante e sonora de mim. Ela é doce, delicada. Ou melhor, a máscara preferida dela é essa.  Na verdade ela é a bruxa que envenena a maçã. Ela flutua sobre mim e muitas vezes me diz o que fazer. E muitas das vezes ela diz: "Livre-se de mim!". Acho que ainda nbão sou capaz. Uma sombra. Um zumbido no ouvido. Uma lembrança distante. Um passado presente, na frente. Uma vidraça que eu não consigo romper e atravessar.
E quando apago a luz e durmo, ela foge foge de mim e quando acordo no meio da noite, a voz dela fala nos meus ouvidos pedindo pra que eu me livre dela. Mas sem ela não sou.

2 comentários:

Fernanda Gabriela disse...

Lindo blog Emy! Parabéns *-*

Unknown disse...

Obrigada Fééfis (LL