O dia amanheceu um tanto quanto sombrio. Havia neblina quando ela levantou-se. Lavou o rosto, arrumou os cabelos desgrenhados. Preparou um café fraco com uma fatia de pão integral. Antes de sair pintou os olhos, passou baton. Olhou-se no espelho e disse adeus a si mesma. Planejara uma dia diferente. Queria um dia diferente. Ao invés de ir para o trabalho seguiu em frente. Dirigiu sem destino. Seu desatino. Pensava naquilo que era e no que gostaria de ser. Questionava como uma mulher como ela, trinta e poucos anos, bem sucedida, bonita, inteligente não conseguia ser feliz. Tinha uma casa perfeita. Quadros na parede da sala, uma lareira para o inverno. Uma estante cheia de livros, de todos os tipos. Discos de vinil e ao lado cds. Novos, antigos, clássicos. Como pode alguém ter tudo na vida e não ser feliz? O emprego perfeito, o carro do ano, mas ela sabia que faltava alguma coisa. Parou em uma praça onde pessoas se exercitavam, outras caminhavam com seus cães. Algumas passeavam com crianças. E ela o que era?

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